quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A História de Delmiro Gouveia


Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu a 05 de Junho de 1863, no interior do Ceará.
O pai morreu lutando na Guerra do Paraguai. Oficialmente deixou uma viúva e seis filhos. O sétimo rebento, Delmiro, veio de um caso extraconjugal. Ainda criança, mudou-se para o Recife e viu a mãe falecer quando ele tinha 15 anos. Analfabeto e sem dinheiro, foi atrás dos primeiros trocados como bilheteiro na estação ferroviária de Olinda. Aos 18 anos, empregou-se na Alfândega, mas os despachos burocráticos nunca o seduziram .Antes que morresse de tédio, Delmiro foi trabalhar no comércio de “courinhos”, artigos de pele de bode e carneiro popularíssimos no nordeste da época. Em 1891, fundou, com um amigo de origem inglesa, a Levy & Delmiro. Aos 35 anos, era um comerciante respeitado pelos tradicionais donos do poder. Em 1899, voltou da Exposição Universal de Chicago com a idéia de construir um enorme mercado onde se pudesse encontrar de tudo. O mercado do Derby não demorou a ficar pronto. Era o primeiro estabelecimento comercial da capital pernambucana com energia elétrica, vendia produtos pela metade do preço e funcionava 24 horas por dia. Também contava com hotel, parque de diversões e restaurante. Inimigo declarado do prefeito recifense, Delmiro tornou-se alvo das campanhas de difamação movidas pelos jornais. Sem dar bola para ameaças, viu que não estavam brincando quando o mercado foi incendiado. Os negócios iam mal e ele insistia em torrar dinheiro em viagens ao Exterior. Não deu outra: as empresas faliram em 1901, com uma dívida de 1,7 milhão de réis . O empreendedor recomeçou do zero. Sem gastar nada - dois sócios entraram com o capital - montou uma fábrica de “courinhos”. Recuperou a confiança dos credores, mas tropeçou nas coisas do amor. Separado da primeira esposa, apaixonou-se pela afilhada do governador do Estado ,Segismundo Gonçalves. Às vésperas de completar 40 anos, raptou a menina, de 16, e a levou para o interior de Pernambuco (ela lhe daria três filhos). Com a prisão decretada, fugiu para a minúscula cidade de Água Branca, no sertão alagoano, onde constituiu seu império industrial. Instalado numa fazenda da periferia, ao lado de uma grande cachoeira, ele botou na cabeça que construiria uma grande hidrelétrica. Importou equipamentos e, em 1911, trouxe para a “terrinha” um grupo de engenheiros americanos, que elaboraram um projeto de aproveitamento e exploração do Rio São Francisco. Nascia a hidrelétrica de Paulo Afonso. Para construí-la, o coronel do progresso enfrentou o pavor dos operários em descer os 80 metros de profundidade da queda d'água. Para desfazer o medo dos sertanejos, o próprio Delmiro se aventurou no penhasco, amarrado a uma corda. Em seguida, obrigou-os a imitá-lo. Precavido contra qualquer demonstração de covardia, posicionou-se na beira da cachoeira, revólver em punho. Ai de quem se atrevesse a recuar! Em 1913, ele provava que o Nordeste tinha potencial industrial, sim. Com a hidrelétrica em funcionamento, a luz e a água finalmente chegaram as fábricas, a 400 quilômetros de centros como Recife, e Salvador. No comércio, o coronel passou a exportar 1,5 milhão de toneladas de peles. E, em mais um arroubo de ousadia, fundou a companhia Agro Fabril Mercantil, que logo nos primeiros meses de vida já produzia 216 mil carretéis de linha algodão - ramo dominado pela Machine Cottons. Ao tocar em monopólios tradicionais, Delmiro se metera numa encrenca das piores. Mandou cercar sua casa – grande e contratou guardas armados. Porém na noite do dia 10 de outubro de 1917 , três tiros à queima roupa acabaram com o sonho de cobrir o sertão de máquinas.

Extraido do site: http://escolas.educacao.pe.gov.br/layout.php?portal=7254&p=historia

Nenhum comentário: